
Eis uma dessas verdades tonitruantes: The last of us é talvez o melhor jogo de videogame já feito. Em 2013, arrebatou todos os prêmios possíveis ao contar a história de um traficante de armas (Joel) e uma órfã de 14 anos (Ellie) que buscam sobreviver num mundo devastado por uma praga. A hecatombe transforma humanos em criaturas ainda mais bestiais do que costumavam ser quando o mundo era um lugar normal – eventualmente, o jogador terá de matar zumbis, manejar facas e rifles e caçar alces nas planícies geladas, mas isso é o que menos importa.
O que importa de verdade são quatro aspectos que, em concerto harmonioso, tornam o jogo uma aventura épica: a empatia com os personagens; a capacidade de imersão, resultado também de uma trilha sonora sublime; o apuro visual; e o equilíbrio entre horror e lirismo ao longo de uma jornada em que um homem massacrado pela perda da filha e uma adolescente para quem a vida encalacrada é a única existente passam a conviver - mais que conviver, a depender um do outro. E talvez um pouco mais que isso: Joel e Ellie redescobrem valores perdidos quando a doença reduziu a civilização a escombros. Descobrem-se afetados por vínculos que os coloração em risco.
É por isso que Left behind, primeira expansão da narrativa lançada somente para PS3, vem sendo tão aguardado quanto o anúncio de vida inteligente em outro planeta. A continuação estará disponível para compra a partir do dia 14 de fevereiro.
A história original começa no Texas, Estados Unidos, onde Joel vivia até a eclosão da praga, segue por uma zona dominada por grupelhos armados em uma Boston colapsada e avança por cidades cuja paisagem são um amontoado de corpos e prédios em ruínas. Além de garantir a própria sobrevivência, Joel precisará fazer com que Ellie, peça-chave numa experiência médica, chegue em segurança até os Vaga-Lumes, espécie de vanguarda libertária nesse cenário pós-apocalíptico.
Left behind recua nessa história, funcionando como uma “prequel”, sequência anterior aos fatos narrados na trama primária de Joel e Ellie. A expansão reencontra a garotinha e a amiga Riley ainda na zona de quarentena - antes, portanto, de conhecer Joel. Lá, descobriremos por que Ellie se tornou tão importante na busca pela cura para a doença. A produtora Naughty Dog promete entre cinco e seis horas de jogo.
The last of us tem diálogos virtuosos, dublagem excepcional, mecânica eficiente, um roteiro maduro e um desfecho primoroso. Antes dele, ter de explicar a um adulto que videogames podem ser tão ricos em termos de aprendizado moral quanto qualquer outra forma de arte era sempre uma atividade aborrecida, quando não infrutífera. Hoje, basta dizer: vá jogar e descubra sozinho.

Fonte: O Povo Online
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